sábado, 12 de novembro de 2011

Eutanásia e vida

Amigos da Terra perguntam freqüentemente pela opinião dos companheiros desencarnados, com respeito à eutanásia. E acrescentam que filósofos e cientistas diversos aderem hoje à idéia de se apoiar longamente a morte administrada, seja por imposição de recursos medicamentosos ou por abandono de tratamento. Declaram-se muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência intensiva. Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer reação.

Entretanto, imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Eutanásia

Será lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?
28. Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?

Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento. O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro. - S. Luís. (Paris, 1860.)
(ESE Cap. V)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Veneno livre

Pede você que os Espíritos desencarnados se manifestem sobre o álcool, sobre os arrasamentos do álcool.
Muito difícil, entretanto, enfileirar palavras e definir-lhe a influência. Basta lembrar que a cobra, nossa velha conhecida, cujo bote comumente não alcança mais que uma só pessoa, é combatida a vara de ferro, porrete, pedra, armadilha, borralho, água fervente e boca de fogo, vigiada de perto pela gritaria dos meninos, pela cautela das donas de casa e pela defesa do serviço municipal, mas o álcool, que destrói milhares de criaturas, é veneno livre, onde quer que vá, e, em muitos casos, quando se fantasia de champanha ou de uísque, chega a ser convidado de honra, consagrando eventos sociais. Escorrega na goela de ministros com a mesma sem-cerimônia com que desliza na garganta dos malandros encarapitados na rua. Endoidece artistas notáveis, desfibra o caráter de abnegados pais de família, favorece doenças e engrossa a estatística dos manicômios; no entanto, diga isso num banquete de luxo e tudo indica que você, a conselho dos amigos mais generosos, será conduzido ao psiquiatra, se não for parar no hospício.

domingo, 6 de novembro de 2011

Diabólico Elixir

Diz o abstêmio:
- Não sabe que beber é uma morte lenta?
Responde o beberrão:
- Tudo bem... não tenho pressa.
Ambos estão equivocados.
Todos morremos lentamente.
Programados biologicamente para uma existência aproximada de um século, sofremos lento, progressivo, inexorável desgaste celular que culminará com o colapso orgânico, transferindo-nos para o Além.
Por outro lado, o vício sobrecarrega e compromete o funcionamento de órgãos vitais, o que acelera o processo.
O alcoólatra, portanto, morre mais depressa.
Situando o corpo como uma máquina que nos é emprestada para a viagem terrestre, imaginemos nosso constrangimento ao sermos informados por mentores espirituais de que arrebentamos com ela, indiferentes à sua preservação...
- Meu filho, lamento dizer que você regressou extemporaneamente. Está incurso no suicídio indireto! *
- Não é possível: Há algum engano!... Adorava a existência humana!
- Adorava beber! Nunca se conscientizou de que estava prejudicando seu corpo, embora ele o avisasse, freqüentemente, sinalizando com males variados. Eram doridos e ignorados pedidos de socorro de um servo que você está afogando em álcool.
- E agora?
- É esperar pela reencarnação. Alguns decênios com um fígado sensível, um aparelho digestivo complicado e você esquecerá a bebida, como irrealizável paixão que se esvai com o tempo. Uma úlcera gástrica obstinada, talvez um câncer depois, o ajudarão a recompor o perispírito ferido pelo vício...