Ao contrário do que muitos possam
imaginar, a posição da doutrina espírita não é de condenação ao
homossexual. Aliás, a filosofia espírita não possui a característica da
condenação de quaisquer atos ou posturas. Ao invés disto, estuda e
compreende a origem dos problemas procurando esclarecer os indivíduos e
não condená-los.
Todas as tendências, vocações ou
inclinações psicológicas não são decorrentes apenas das experiências da
nossa vida atual. Nossa história é muito mais antiga e complexa do que
possa parecer. Se é verdade que a gestação é uma fase extremamente
importante na transmissão de energias mentais da mãe para o filho e
vice-versa, se é real que nosso psiquismo se consolida através das
experiências das diversas etapas infantis e juvenis, há muito além
disto. Trazemos nos mais profundos arquivos do inconsciente um somatório
de vivências tanto felizes como desagradáveis. Alegrias, decepções,
momentos de enlevo ou traumas violentos foram por nós assimilados em
vidas passadas. Construímos energias, em nós mesmos, que poderão
permanecer conosco durante séculos.
Não é possível segundo a ótica do
conhecimento reencarnacionista, nos limitarmos a uma visão reducionista
relativa a poucas décadas de uma existência quando temos informação que
somos seres humanos que reencarnam há muitos milhares de anos.
ão se trata de dogma de fé ou crença
cega. Trata-se de documentação através de relatos de espíritos
desencarnados, documentação através de processos de memória
extra-cerebral na qual pessoas se recordam espontaneamente de vidas
passadas e documentação obtida por terapias regressivas a vivências
pretéritas. Há uma infinidade de experiências, das mais diversas ordens,
que comprovam ser nosso psiquismo a resultante de uma longa caminhada.
Assim, qualquer peculiaridade
comportamental nossa, seja na esfera sexual, seja em qualquer outra
esfera, necessita ser entendida pela cosmo visão espírita. A
homossexualidade, portanto, não fará exceção pois trata-se de uma
característica bastante expressiva e determinante de importantes
repercussões individuais, familiares e sociais.
Torna-se importante frisar que a
homossexualidade não ocorre, simplesmente, pela mudança de sexo
biológico de uma encarnação para a seguinte. Isto quer dizer, se uma
mulher necessitar renascer como homem, ou vice-versa, este fato por si
só jamais determinará qualquer comportamento na esfera da
homossexualidade.
Homem e mulher que estão harmonizados e
em sintonia com sua sexualidade ao reencarnarem no sexo oposto
continuarão a emitir harmoniosamente sua energia sexual. O chakra
genésico que trabalha em equilíbrio expressará esta normalidade pelo
veículo corporal conforme a sua fisiologia e anatomia pelas quais se
expressa na nova existência física.
A adaptação faz-se automaticamente
quando não há distúrbios anteriores. A espiritualidade superior sempre
nos esclarece que a reencarnação em sexo diferente do anterior não
acarreta distúrbios homossexuais, e, a própria lógica nos leva a esta
conclusão, pois a lei universal do renascimento visa harmonizar as
criaturas e não gerar dificuldades e conflitos desnecessários.
Conforme já comentamos em outros
escritos, em nosso planeta existem apenas 2 sexos biológicos: o
masculino, proveniente da união de um espermatozóide y com um óvulo, e o
feminino, proveniente da união de um espermatozóide x também com um
óvulo. Apesar de, em sua natureza íntima, o espírito não ter sexo, as
experiências das vidas passadas determinam uma nítida polarização
energética do espírito reencarnante, com características masculinas ou
femininas. É verdade, também, que o espírito humano possui nas energias
sexuais, um dos mecanismos de seu próprio progresso espiritual, mesmo
porque são aquisições seculares, e constantemente renovadas pelas novas
encarnações. Espíritos em fase evolutiva compatível com o planeta Terra
possuem, normalmente, as forças sexuais inclinadas ou para a polarização
masculina ou para a polarização feminina. Quem visualiza a respeitável
figura de Bezerra de Menezes sempre o vê como uma figura masculina
inclusive com barba etc... Da mesma forma, nas visões que podemos ter
dos espíritos da falange de Maria eles são tipicamente femininos. Em
nível mais periférico, e pessoal, diria que não há como confundir a
figura do meu pai desencarnado com, por exemplo, da minha tia.
Observamos, portanto, que os espíritos masculinos bem como os femininos
expressam em suas energias a tendência sexual que lhes é natural e de
conformidade com suas inclinações psíquicas.
As peculiaridades psico-sexuais de um
espírito determinam, desta forma, a sua expressão física ou sua
organização biológica no que tange ao aspecto do seu corpo astral.
Portanto, o corpo espiritual é reflexo de sua mente. Conforme já
estudamos, ao reencarnar o espírito ligando-se ao óvulo transmite suas
vibrações tipificando, automaticamente, sua polaridade sexual. Em razão
desta polaridade sexual transmitida pelo corpo espiritual ao óvulo, este
irá atrair o espermatozóide X (feminino) ou Y (masculino) que
determinará o sexo biológico da futura encarnação. Conclui-se, por este
motivo, que o sexo biológico será sempre o adequado as características
psico-sexuais do espírito.
A homossexualidade é uma dificuldade
de adaptação do espírito a sua condição biológica. Neste grupo, estamos
incluindo todos os indivíduos em desequilíbrio sexual com seu organismo
que procuram exercer a fisiologia sexual com parceiros do mesmo sexo, em
prática incompatível com a natureza que elaborou dois sexos opostos e
complementares. Trata-se de um desajuste, algo a ser corrigido, amparado
com respeito e tratado. Não perseguido ou discriminado mas também não
encoberto sob a falsa interpretação de "uma livre opção sexual". Não
existe 3º, 4º ou outro sexo. Existem, em nosso planeta, apenas dois de
polaridades opostas.
A não discriminação do homossexual e o
respeito que se deve ter para com estes irmãos não exclui, no entanto,
que se trata de uma dificuldade sexual dos mesmos. Dificuldades ou
desajustes emocionais (ou físicos), constituem-se sempre em uma
patologia. Quando se menciona o termo patologia há, imediatamente, uma
reação de determinados grupos pois logo associam à discriminação.
Voltamos a insistir, o homossexual não está sendo, pela doutrina
espírita, excluído, pelo contrário, compreendido e amparado. O que
constitui patologia é, pois, sua inadaptação psíquica a uma realidade
biológica programada para a existência atual.
A origem do comportamento homossexual
deve-se a um conflito entre a estrutura do consciente, ou organização
biológica, e as regiões do inconsciente ou estruturas espirituais, em
desarmonia energética. Conforme sabemos, qualquer postura mental gera
núcleos de vibração nas estrutura do inconsciente. Posturas mentais,
reforçadas por atitudes, intensificam esses campos de vibração. Desta
forma, compreende-se que atitudes de exacerbação sexual com desvios de
conduta, especialmente quando prejudicam outros indivíduos, gravam-se
indelevelmente nos campos energéticos do espírito. Ao reencarnar, estes
desvios energéticos, ou exacerbações da polaridade sexual, determinam
conflitos psico-sexuais sérios especialmente se o espírito necessitar
renascer em sexo oposto ao da encarnação anterior.
Os conflitos entre o consciente
(físico), e o inconsciente (espírito), podem ter, também, origem em
vivências desta existência atual.
Se é verdade que distúrbios das vidas
anteriores podem ser determinantes de desarmonias energéticas na esfera
psico-sexual, o inconsciente também registra inúmeros fatos da
existência presente. Podemos dividir, didaticamente, o inconsciente em
duas faixas principais: inconsciente presente e inconsciente pretérito.
No inconsciente presente, ou atual, estão arquivadas as experiências
desta encarnação que, por serem recentes, possuem grande influência na
configuração psicológica de todos nós. O inconsciente pretérito
constitui uma faixa muito mais ampla porém, em certos casos, podem ter
uma expressão menos preponderante que as vivências mais recentes. Cada
caso é estritamente pessoal portanto diferente de um indivíduo para
outro.
Desde o início das gestação, passando
pela infância e adolescência, o espírito vivencia as mais diferentes
situações na área da sexualidade. Assim como muitos problemas tem origem
na vida atual, freqüentemente situações pregressas são relembradas ou
reforçadas nesta vida por erros de educação, pais violentos, abandono,
agressões do meio ambiente etc, que conforme as particularidades de cada
psiquismo, geram ou repulsa ou identificação com o sexo oposto.
A homossexualidade, ou inadaptação ao
sexo biológico, é, portanto, decorrente de um conflito entre zonas do
inconsciente (atual e ou pretérito) com as estruturas da zona
consciencial. Em determinada ocasião, quando fomos convidados para
proferir uma palestra sobre o tema a um grupo de adolescentes, um jovem
solicitou-me uma explicação, sob o ponto de vista energético, do porquê a
homossexualidade não ser normal. Surgiu-me uma idéia que na ocasião me
pareceu adequada:
__ Se você olhar aquela tomada na parede, observará que há dois orifícios; por que?
__ Todo mundo sabe, uma é para o fio positivo e outro para o negativo.
__ Por que, não podem ser dois fios positivos ou dois negativos?
__ Porque a corrente para se processar necessita de pólos opostos.
__ O que aconteceria se eu colocasse só fios de polaridade igual?
__ Ou o Sr. leva um bruto choque (disse ele rindo), ou a lâmpada não vai acender.
__ Pois é isto mesmo que acontece com
relação ä sexualidade. É preciso entender que também há comunhão de
energia entre os parceiros. Estabelece-se um circuito
fluidico-vibratório intenso entre os envolvidos. Um homem e uma mulher
permutam cargas magnéticas de polarização complementar que os realimenta
psiquicamente. Um casal, normalmente adaptado a sua fisiologia, ao se
amar e manter relações sexuais intercambiam, intensamente, ondas de
energia que ao se completarem absorvem outras, por sintonia, dos planos
energéticos superiores. O próprio êxtase sexual é uma abertura magnética
para a absorção destas energias que os ampara em termos de vibração
psíquica. Como nas ligações homossexuais a polaridade energética não é
complementar, há dificuldade em ocorrer o processo descrito. É comum nos
homossexuais uma insatisfação íntima ou sensação de vazio interior por
ausência da complementaridade energética nas relações, o que pode
determinar conseqüências mais ou menos graves.
Não pretendemos esgotar tema tão
complexo e doloroso. Em termos de terapêutica, recomendaríamos um
acompanhamento minucioso, psicológico e espiritual fosse feito aos
irmãos com esta dificuldade. Tomemos por exemplo um homossexual do sexo
masculino. Ao invés de buscar relações sexuais na qual desempenharia o
papel inverso ao de sua fisiologia, deverá drenar estas forças para
atividades compatíveis com esta energia feminina. Um erro comum,
cometido por muitos pais, é matricular o garoto em aulas de boxe ou outro
esporte para "machos". Tal atitude agrava as dificuldades do jovem que
está a precisar de uma canalização sadia dos instintos opostos a sua
morfologia. Devem ser-lhe oferecidas atividades que se afinizem com seu
psiquismo. Não abafar ou reprimir, mas direcionar sob supervisão, para a
arte, a música, ou até para a ciência conforme o caso.
Dr. Ricardo Di Bernardi, Florianópolis/SC
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