quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Em Defesa da Vida


 Aborto – I  Filho que não nasceu

Fui trazido ao teu colo e sussurro, baixinho:
- “Mãe, eu serei na carne o sonho de teu sonho!...”
Depois, em prece ardente, em ti meus olhos ponho,
Pássaro fatigado ante a úsnea do ninho.

Abraço-te. És comigo a esperança e o caminho...
Em seguida – oh! irrisão! -, eis que, num caos medonho,
Expulsas-me a veneno, e, bruto, me empeçonho,
Serpe oculta a ferir-te em silêncio escarninho.

Já me dispunha a dar golpe extremo, quando
Surge alguém que me obriga a deixar-te dançando
Em formoso salão onde o prazer fulgura.

Passa o tempo. Hoje volto... É o amor que em mim arde.
Mas encontro-te, oh! Mãe, a gemer, triste e tarde,
Sombra que foi mulher, enjaulada à loucura...

José Guedes

(Do livrete “Antologia dos Imortais”, Poetas Diversos, ed. FEB)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aborto Delituoso

Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião.
Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais...
Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância...

Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência, erguem-se cárceres e fundem-se algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão.