Povoara-se o firmamento de
estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o
Senhor, instalado provisoriamente
em casa de Pedro, tomou os
Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir
novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e
menos edificante, falou com bondade: — Simão, que faz o
pescador quando se dirige para o mercado com os frutos
de cada dia? O apóstolo pensou alguns momentos e
respondeu, hesitante: — Mestre, naturalmente, escolhemos os
peixes melhores.
Ninguém compra os resíduos da
pesca. Jesus sorriu e perguntou, de
novo: — E o oleiro? que faz para atender à tarefa a
que se propõe? — Certamente, Senhor — redargüiu o
pescador, intrigado —, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste, de olhar
compassivo e fulgurante, insistiu: — E como procede o
carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende? O
interlocutor, muito simples, informou sem vacilar: —
Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e
o formão.
De outro modo, não
aperfeiçoará a peça bruta. Calou-se Jesus, por alguns
instantes, e aduziu: — Assim, também, é o lar diante do
mundo.