sexta-feira, 27 de abril de 2012

Em Defesa da Vida


O vale dos suicidas

Mas na caverna onde padeci o martírio que me surpreendeu além do túmulo, nada disso havia!
Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que idéia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger de dentes” da advertência prudente e sábia do Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! O que há é o “ranger de dentes nas trevas exteriores” de um presídio criado pelo crime, votado ao martírio e consagrado à emenda! É o inferno, na mais hedionda e dramática exposição, porque, além do mais, existem cenas repulsivas de animalidade, práticas abjetas dos mais sórdidos instintos, as quais eu me pejaria de revelar aos meus irmãos, os homens!

(Do livro “Memórias de um Suicida”, de Yvonne A. Pereira, ed. FEB)

domingo, 22 de abril de 2012

Suicídio e delinquência

Todo rio procede de uma nascente simples.
A maioria dos incêndios se alteia de alguma faísca.
Assim também sucede com o suicídio e a delinqüência:
A reclamação demasiadamente repetida;
O grito inesperado, desarticulando o equilíbrio emocional de quem ouve;
O gesto de irritação;
A frase de crítica;
A explosão de ciúme;
O confronto infeliz;
A queixa exagerada;
A exigência sem razão;
A palavra de insulto;
A resposta à base de zombaria;
Ou o compromisso desprezado...
Qualquer dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início de lamentável  perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos nos quais a criatura cai na delinqüência ou na agressão contra si mesma.
E o único remédio que conhecemos até agora  contra semelhantes calamidades, a ser usado em favor das vítimas possíveis do suicídio ou em auxílio daqueles que o provocam, é a prática da compreensão e do amor, na embalagem da paciência.
Emmanuel

Mensagem extraída do livro “PACIÊNCIA”, de Emmanuel; psicografado por Francisco Cândido Xavier.